Mellina Reis, criadora de conteúdo, formada em turismo e deficiente visual, participou de um programa promovido pelo Sesi, em São Paulo, há mais de dez anos, onde conheceu – e ficou – com Hillary, uma labrador que, na época, tinha dois anos e meio.
Ao CNN Good News, programa da CNN focado em boas notícias e que incentiva a adoção responsável de animais, Mellina contou que conquistou a autonomia e mobilidade que tanto desejava com a chegada da cão-guia.
Após muito tempo frequentando apenas lugares familiares com o auxílio da bengala, como trabalho e faculdade, começou a visitar outros ambientes e viajar o mundo ao lado da nova companheira – e aí inspiração não faltou para o blog “4 Patas pelo Mundo”, e até hoje ela segue narrando sua rotina nas redes sociais.
Ver essa foto no Instagram
Mellina também contou ao CNN Good News que quase caiu em um fosso de elevador com três metros, e Hillary impediu a tragédia. Em uma estação de metrô de São Paulo a porta do elevador abriu, mas ele não estava no andar.
Centros de treinamento
Segundo Felipe Soares, coordenador jurídico da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo, há uma longa fila de espera no país para se ter um cão-guia mas, com poucos centros de treinamento e pouca quantidade de cachorros disponíveis, o processo fica mais lento.
Ainda filhote e após o desmame, o cachorro é levado à uma família voluntária, conhecida como “família hospedeira”. Ela é a responsável por ensinar obediência básica e por apresentar a vida “em sociedade”, como o convívio com diversas pessoas.
Em torno dos 18 meses, o cachorro retorna à instituição para começar o aprendizado específico, como desviar de obstáculos, entender direita e esquerda, não se distrair facilmente e nem desobedecer ordens.
Ao estar pronto para guiar, é iniciado o treinamento da dupla, ou seja, entre a pessoa com deficiência visual e o cão-guia.
Portanto, além do tutor ser treinado a seguir e comandar o cachorro de forma adequada, é preciso que as personalidades sejam parecidas – caso contrário, o animal é direcionado a outra pessoa.
Momentos de lazer
Um cão-guia não vive apenas de trabalho. Nas viagens com Mellina, por exemplo, Hillary podia desfrutar bem das cidades visitadas.
O tutor pode (e deve) brincar e realizar atividades divertidas com o cachorro, como qualquer animal.
O cão guia pode frequentar qualquer ambiente público ou privado
Apesar de ambientes serem cada vez mais “pet friendly”, que aceitam a permanência de animais, existem lugares que não permitem a entrada deles. No caso do cão-guia, a proibição em qualquer estabelecimento não pode ser aplicada.
“O Brasil, desde 2005, conta com uma lei (nº 11.126/05) que garante o acesso das pessoas com deficiência visual acompanhadas de cão-guia a espaços públicos e privados de ambiente coletivo e a todos os meios de transporte, inclusive os internacionais com origem em território brasileiro”, explica Felipe.
A mesma lei ainda estabelece interdição e multa do ambiente que proibir a entrada de um cão-guia e seu tutor.
Aposentadoria
Sim, cães-guias se aposentam. Hillary, que agora tem quase 13 anos, está aposentada há cerca de um ano e meio e se tornou oficialmente um pet da família – sem atuar como cão-guia.
Mellina optou por não ter um novo cão-guia neste momento, já que Hillary precisa de cuidados específicos por apresentar dificuldades pela idade e também porque acabou de ter uma filha, Sofia, de dois meses.
Outras pessoas, nestes casos, podem devolver o cão para a família hospedeira ou doar para alguém próximo, caso não queiram continuar como “pet”, e pedir um novo cão-guia para passar por um processo de adaptação.
Ver essa foto no Instagram
O CNN Good News vai ao ar toda semana no YouTube de CNN Pop e conta, a cada episódio, com um grupo de cachorrinhos disponíveis para adoção no Adote ViCa:
Ver essa foto no Instagram
Fonte: CNN - BBB
