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A verdade liberta: reflexões de André Luiz Santiago Eleutério sobre a vida


Desde pequenos, ouvimos frases como "não te contei para te proteger" ou "achei melhor não dizer para evitar sofrimento". A intenção pode ser boa, mas o impacto nem sempre é. Crescemos acreditando que algumas verdades são tão pesadas que precisam ser escondidas de nós, como se fôssemos incapazes de suportá-las. Mas será que isso realmente nos protege ou apenas nos deixa mais vulneráveis?

A verdade, por mais difícil que seja, sempre encontra uma forma de aparecer. E quando chega atrasada, vem acompanhada de desconfiança, ressentimento e, muitas vezes, de uma dor maior do que se tivéssemos lidado com ela desde o começo. Quando alguém decide nos esconder algo porque acha que "vamos ficar mal", na verdade, está nos privando do direito de sentir, de reagir e de encontrar nossas próprias formas de lidar com a realidade. Nos deixam em um estado de ilusão, acreditando que tudo está sob controle, quando, na verdade, a vida não nos dá garantias de nada. A verdade pode doer, mas a mentira dói muito mais.

Muitas vezes, acreditamos que esconder um fato é um ato de amor. Queremos evitar sofrimento, proteger aqueles que amamos, impedir que sintam tristeza ou decepção. Mas será que isso realmente os fortalece? Ou estamos, na verdade, tirando deles a oportunidade de amadurecer? A dor da verdade pode ser intensa, mas a dor da mentira vem acompanhada de traição, da sensação de que fomos enganados, da dúvida sobre o que mais pode ter sido escondido. A omissão nos enfraquece. Nos torna reféns da ignorância, nos impede de construir defesas, nos priva da clareza necessária para tomar decisões importantes.

Cada um tem o direito de sentir o que precisa sentir. Se uma notícia nos causa tristeza, frustração ou raiva, isso faz parte do nosso processo. Não cabe a ninguém decidir por nós quais emoções devemos experimentar. Dizer "não contei para te proteger" é um gesto de controle, não de cuidado. É como se alguém nos dissesse que não somos fortes o bastante para lidar com a realidade, quando, na verdade, somos muito mais capazes do que imaginamos. E mesmo que a verdade doa no começo, ela nos dá algo essencial: liberdade.

Relações construídas na honestidade são mais sólidas. Confiança não se baseia em meias verdades ou silêncios convenientes, mas na transparência e na coragem de expor o que precisa ser dito. É muito mais fácil viver uma vida tranquila quando sabemos que as pessoas ao nosso redor falam o que sentem, sem máscaras ou receios. Quando nos permitimos ser verdadeiros, damos ao outro a chance de crescer, de aprender, de se fortalecer diante dos desafios. Porque não há amadurecimento sem enfrentamento, não há resiliência sem dor, não há evolução sem tropeços.

A verdade não precisa ser dura. Ela pode ser dita com empatia, com respeito, com carinho. Mas precisa ser dita. Fingir que um problema não existe não faz com que ele desapareça. Esconder um sentimento não impede que ele nos consuma por dentro. O silêncio nunca protege de verdade – ele apenas adia o inevitável. E quando a verdade finalmente vem à tona, muitas vezes é tarde demais para reparar os danos que a omissão causou.

Que possamos ter coragem para dizer a verdade, mas também maturidade para ouvi-la. Que não escondamos o que sentimos por medo da reação do outro, mas que também saibamos acolher o que nos é dito, sem fugir ou negar. A vida já é incerta demais para vivermos rodeados de ilusões confortáveis. É melhor uma verdade difícil do que uma mentira conveniente. Porque só a verdade nos liberta.

Este artigo foi escrito pelo jornalista André Luiz Santiago Eleutério.

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