Política Caso Marielle Franco

Lessa afirma que receberia R$ 25 milhões para assassinar Marielle Franco: "Fiquei cego"

O julgamento do ex-sargento da Polícia Militar do Rio de Janeiro Ronnie Lessa, acusado pela execução da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, trouxe novas revelações sobre os motivos do crime que chocou o Brasil em 2018. Em audiência realizada na quarta-feira (30), Lessa declarou que sua motivação para o assassinato foi financeira, alegando que receberia R$ 25 milhões para realizar o homicídio. "Fiquei cego; minha parte eram R$ 25 milhões. Podia falar assim: era o papa, que eu ia matar o papa, porque fiquei cego e reconheço", afirmou Lessa, destacando que agora busca "amenizar" o sofrimento das famílias envolvidas.

Por Redação da GLP4

31/10/2024 às 21:35:21 - Atualizado há
Reprodução/TV Globo

Motivo Financeiro: A Confissão de Lessa

Durante seu depoimento, Ronnie Lessa, que enfrenta julgamento por júri popular, afirmou que o dinheiro oferecido para matar Marielle Franco o fez ignorar qualquer consideração moral ou legal. Segundo o ex-sargento, o valor prometido era tão alto que ele "ficou cego", movido unicamente pela recompensa. Ele também expressou arrependimento, pedindo perdão às famílias das vítimas e justificando que sua confissão é uma tentativa de aliviar a angústia dos envolvidos. "Infelizmente, não podemos voltar no tempo, mas eu tento fazer o possível para amenizar essa angústia de todos, assumindo minha responsabilidade e revisitando todos os personagens envolvidos nessa história", declarou.

Júri Popular e Possível Condenação

Ronnie Lessa e o ex-policial Élcio de Queiroz, também réu pelo crime, estão sendo julgados em um processo que atraiu a atenção de todo o país. Ambos participam das sessões por videochamada e podem ser condenados a até 84 anos de prisão, se considerados culpados. O julgamento incluiu nove testemunhas que deram depoimentos antes de Lessa confessar a sua participação. O caso está sendo tratado com máxima seriedade, dado o impacto que a morte de Marielle Franco e Anderson Gomes teve na sociedade e na política brasileira.

A Motivação por Trás do Crime

Lessa revelou que o crime foi planejado devido a uma alegada interferência de Marielle em questões de interesse da milícia. Segundo ele, Marielle teria sido vista como um obstáculo a dois projetos de loteamento de terrenos no bairro do Tanque, no Rio de Janeiro. "Na época, o que me foi dito por algumas pessoas é que ela atrapalharia, que ela entraria no caminho", contou Lessa. O ex-sargento afirmou que os líderes do esquema chegaram a afirmar que Marielle havia se reunido com lideranças comunitárias para desencorajá-las a apoiar o loteamento feito por milicianos. A vereadora, segundo ele, teria sido chamada de "pedra no caminho" pelos mandantes do crime.

Divisão dos Loteamentos como Recompensa

A promessa de recompensa, segundo Lessa, incluía uma divisão dos terrenos para os envolvidos no crime: um dos loteamentos seria destinado a quem executasse o assassinato e o outro ficaria com os mandantes. Essa informação traz um novo ângulo sobre as dinâmicas que alimentam a violência política no Brasil e a influência de milícias em comunidades do Rio de Janeiro. A fala de Lessa sugere uma complexa rede de interesses econômicos e territoriais por trás da morte de Marielle Franco.

O Contexto Político e Social do Assassinato de Marielle Franco

A vereadora Marielle Franco, uma figura progressista e defensora dos direitos humanos, destacou-se por sua atuação em pautas sociais e contra a violência policial nas favelas cariocas. Em sua breve carreira política, Marielle conquistou um espaço de respeito e influência que, para alguns, representava uma ameaça aos interesses de grupos criminosos. Sua morte gerou protestos e manifestações em todo o Brasil, além de comoções internacionais.

Interesses da Milícia e Conflito com a Política

A acusação de Lessa sobre o envolvimento de milicianos reflete o preocupante avanço do poder desses grupos armados, que exercem controle em várias regiões do Rio de Janeiro. A interferência da milícia em projetos de urbanização, como os loteamentos mencionados, demonstra um sistema paralelo onde o poder público muitas vezes não tem alcance. Com interesses econômicos bem estabelecidos, esses grupos veem figuras como Marielle Franco como obstáculos a seus objetivos.

A Busca por Justiça e a Relevância do Caso Marielle Franco

O julgamento de Lessa e de Élcio de Queiroz é um marco importante na busca por justiça para Marielle Franco e Anderson Gomes. A sociedade brasileira acompanha de perto o caso, esperando que as consequências sejam justas e proporcionais à gravidade do crime. Em um país onde a violência política é uma ameaça constante, esse julgamento representa a chance de responsabilizar os envolvidos e lançar luz sobre a influência da milícia e do crime organizado no cenário político.

Impacto na Memória e Legado de Marielle Franco

Marielle Franco deixou um legado que ultrapassa as fronteiras do Rio de Janeiro, com seu trabalho sendo reconhecido internacionalmente como um símbolo de resistência e luta pelos direitos humanos. Diversas organizações e ativistas, tanto no Brasil quanto fora, mantêm viva a memória de Marielle, enquanto a justiça ainda segue um caminho incerto.

Conclusão

A confissão de Ronnie Lessa sobre o assassinato de Marielle Franco expõe o impacto da corrupção e da influência da milícia na política e segurança do Brasil. O caso é um retrato trágico de como o poder e o dinheiro podem obscurecer valores éticos e ameaçar a democracia. Acompanhar o julgamento de Lessa e Queiroz significa acompanhar a luta contra o abuso de poder e a violência. A resposta da sociedade e das instituições será determinante para o futuro da justiça no Brasil e para honrar a memória de Marielle Franco e de todos os que buscam um país mais justo e seguro.

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