As relações humanas, sejam entre pais e filhos ou entre cônjuges, são fundamentais para o nosso bem-estar emocional e psicológico. Quando nos sentimos seguros em uma relação, conseguimos nos abrir, confiar e crescer. A segurança, seja emocional, psicológica ou física, é um dos alicerces mais importantes para uma convivência saudável e harmoniosa.
Diversos especialistas, como John Bowlby, Daniel Stern, Sue Johnson, entre outros, destacam que, ao cultivarmos segurança em nossas relações, estamos criando um ambiente propício para o amor, a compreensão e o desenvolvimento mútuo.
A Teoria do Apego, proposta por John Bowlby (1969), destaca como a segurança emocional nas relações iniciais, especialmente entre pais e filhos, impacta profundamente o desenvolvimento da criança. Segundo Bowlby, a maneira como os pais respondem às necessidades emocionais de seus filhos molda a forma como esses filhos entenderão o mundo e se relacionarão com os outros no futuro. Crianças que experimentam um vínculo seguro com seus cuidadores tendem a desenvolver maior confiança e autonomia, características essenciais para relações saudáveis mais tarde na vida.
Daniel Stern (1985), outro grande nome da psicologia, também nos ensina sobre a importância da segurança no vínculo inicial. Para Stern, as interações diárias entre pais e filhos ajudam a construir a base emocional que permite à criança se sentir segura e amada. Ele afirma que "as primeiras relações formam a essência de como nos relacionaremos com o mundo". Quando um filho cresce em um ambiente seguro e acolhedor, ele terá mais facilidade para confiar e se conectar emocionalmente com os outros ao longo de sua vida.
Quando pensamos nas relações de casal, a segurança emocional também desempenha um papel crucial. Sue Johnson (2008), psicóloga canadense e criadora da Terapia de Casal Focada nas Emoções (EFT), afirma que a base de um relacionamento saudável é a segurança emocional entre os parceiros. Para ela, quando um dos cônjuges se sente rejeitado ou não seguro, a tendência é que ele reaja com insegurança, medo ou raiva, criando um ciclo de distanciamento emocional. Em vez disso, ao garantir que ambos se sintam acolhidos e compreendidos, o casal constrói uma base sólida de confiança e empatia. Johnson observa que "o amor não é apenas sobre sentimentos, mas sobre a confiança mútua e a segurança que um parceiro oferece ao outro".
A segurança nas relações de casal também é abordada por Harville Hendrix e Helen LaKelly Hunt (1988), que em seus livros falam sobre como as experiências emocionais de infância podem influenciar nossos relacionamentos amorosos na vida adulta. Eles defendem que, ao criar um ambiente seguro e amoroso, os cônjuges podem curar antigas feridas e criar um relacionamento mais profundo e satisfatório.
A filosofia também nos oferece ensinamentos valiosos sobre a importância da segurança nas relações. O filósofo Aristóteles (2001) dizia: "A amizade é uma alma em dois corpos". A verdadeira amizade, que também é a base de muitos relacionamentos, é fundamentada na confiança e na segurança mútua. Quando nos sentimos seguros ao lado de alguém, seja um amigo, um parceiro ou um familiar, somos capazes de nos mostrar como realmente somos, sem medo de julgamento ou rejeição.
Outro grande filósofo, Confúcio (1996), dizia: "A paz começa com um sorriso." Esse sorriso, muitas vezes, é reflexo da segurança que encontramos nas relações que cultivamos. Quando nos sentimos seguros, somos mais capazes de oferecer apoio, carinho e compreensão ao outro, criando uma atmosfera de paz e harmonia.
A boa notícia é que a segurança nas relações pode ser cultivada. Para isso, é necessário estar atento ao que o outro precisa, tanto nas palavras quanto nas atitudes. Em uma relação de pais e filhos, isso envolve estar presente, oferecer apoio emocional e ser sensível às necessidades da criança. Para os cônjuges, significa demonstrar empatia, ouvir ativamente e garantir que o outro saiba que pode contar com você em momentos de vulnerabilidade.
Além disso, a segurança também se constrói através da confiança, algo que se ganha com consistência, transparência e respeito mútuo. Quando conseguimos ser um porto seguro para o outro, seja em um relacionamento familiar ou conjugal, o vínculo se fortalece e a relação se torna mais duradoura e satisfatória.
A segurança emocional é o alicerce que sustenta relações saudáveis e profundas, seja entre pais e filhos ou cônjuges. Especialistas como John Bowlby (1969), Daniel Stern (1985), Sue Johnson (2008) e muitos outros nos mostram que, ao oferecermos segurança emocional, estamos criando o ambiente necessário para o desenvolvimento e a confiança. A filosofia também nos lembra da importância do cuidado e da empatia nas relações humanas. Ao praticarmos essas atitudes, podemos transformar nossas relações, construindo vínculos mais seguros, amorosos e duradouros.
Como disse o filósofo Rainer Maria Rilke (1989): "A única verdadeira viagem, o verdadeiro peregrinamento, não é ir para novas terras, mas ter novos olhos". Olhos que veem e entendem a importância da segurança emocional, e, assim, somos capazes de transformar nossas relações e criar uma vida mais plena e conectada com aqueles que amamos.
Bowlby, John. Apego e Perda: Volume 1 - Apego. Editora Martins Fontes, 1969.
Stern, Daniel N. A Interação Mãe-Bebê: A Construção do Self. Editora Companhia das Letras, 1985.
Johnson, Sue. Hold Me Tight: Seven Conversations for a Lifetime of Love. Little, Brown and Company, 2008.
Hendrix, Harville & Hunt, Helen LaKelly. Getting the Love You Want: A Guide for Couples. Henry Holt and Company, 1988.
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Traduzido por Maria da Graça Nogueira, Editora UnB, 2001.
Confúcio. Os Analectos de Confúcio. Traduzido por Maria Tereza de Azevedo, Editora Loyola, 1996.
Rilke, Rainer Maria. Cartas a um Jovem Poeta. Editora Nova Fronteira, 1989.