Projeto da USP seleciona jovens quilombolas para formação em tecnologias digitais Estão abertas até 31 de março as inscrições para o processo seletivo que escolherá 100 jovens entre 14 e 24 anos para participar do projeto Quilombo Inteligente (QI), que oferece formação em tecnologias digitais, com ênfase em inteligência artificial e identidade negra.
Projeto da USP seleciona jovens quilombolas para formação em tecnologias digitais
Estão abertas até 31 de março as inscrições para o processo seletivo que escolherá 100 jovens entre 14 e 24 anos para participar do projeto Quilombo Inteligente (QI), que oferece formação em tecnologias digitais, com ênfase em inteligência artificial e identidade negra. O QI é uma iniciativa do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, cujas atividades serão realizadas ao longo de 2025. As inscrições para o processo seletivo devem ser feitas por meio de formulário online.
A exemplo da já usual expressão "cidade inteligente", usada para nomear municípios que investem em tecnologias digitais para aprimoramento da gestão, eficiência dos serviços públicos e melhoria da qualidade de vida, o projeto adotou o nome Quilombo Inteligente como metáfora para a congregação de jovens negros periféricos em iniciativas profissionalizantes com a aplicação de recursos digitais.
Segundo Gilson Schwartz, professor de economia do audiovisual na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e coordenador do projeto, os pesquisadores envolvidos propõem a orientação profissionalizante com base em projetos formulados por adolescentes e jovens "com domínio das duas dimensões [identidade e tecnologia], aptos a conduzir projetos de apropriação de novas tecnologias digitais em favor de uma sociedade aberta, inclusiva e sustentável".
"Nós pensamos em juntar a questão da identidade negra com a questão da inteligência artificial. Como que a inteligência artificial chega nas comunidades, que são as comunidades mais pobres do país, com maiores níveis de exclusão e violência? Que oportunidades as crianças, os jovens adolescentes pretos estão, de fato, acessando para poder superar um atraso, inclusive do ponto de vista educacional, que se acentuou durante a pandemia", disse Schwartz em recente entrevista ao programa Jornal da USP no Ar, da Rádio USP.
A orientação profissionalizante com base em projetos será destinada a capacitar jovens quilombolas a assumir funções auxiliares ou de liderança na produção cultural, assistência a pesquisa qualitativa, gestão de empresas locais de turismo e serviços de apoio à iniciativas de proteção ambiental, promoção de direitos sociais, design de jogos e outros produtos audiovisuais (cinema, TV, música etc.).
Para participar do processo seletivo do QI é preciso justificar o interesse e ter idade entre 14 e 24 anos. Podem participar adolescentes e jovens de todo o Brasil. Terão prioridade as candidaturas associadas a movimentos sociais, coletivos, organizações sem fins lucrativos, escolas e outras entidades comprometidas com a ação social em territórios de vulnerabilidade social, ambiental e econômica, como favelas. Haverá vagas dedicadas aos candidatos moradores das favelas vizinhas aos campi da USP no Butantã e na Zona Leste da cidade de São Paulo.
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O QI é um projeto-piloto para o início do desenvolvimento da plataforma Universos Abertos à Imaginação, à Fantasia e às Artes da Invenção (Uaifai), uma rede social colaborativa voltada ao incentivo de projetos de pesquisa, cultura e extensão, internacionalização e empreendedorismo, sempre com foco na inovação. Ela será aberta a docentes, pesquisadores, pós-graduandos e demais interessados.
O QI está associado também ao projeto Ser ou Não Ser Quilombo, Eis a Questão, do graduando em geografia Pedro Soares, selecionado em 2024 no Edital Direitos Humanos da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP) da USP. Ao longo do primeiro semestre de 2025, o QI promoverá encontros, uma game jam (encontro de desenvolvedores de jogos) e o compartilhamento de referências para o debate em torno da identidade quilombola.
Os objetivos específicos do QI incluem o incentivo ao desenvolvimento local como política de redução migratória de jovens para as grandes cidades, o alinhamento da orientação profissional com base em projetos aos objetivos de desenvolvimento sustentável, a promoção da inovação tecnológica e do espírito de empreendedorismo criativo no setor de turismo cultural e ambiental, bem como a renovação de práticas de ensino nas escolas e universidades parceiras.
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Para isso, os participantes serão orientados no desenvolvimento de projetos com ênfase na profissionalização de adolescentes e jovens para oportunidades na internet avançada (gamificação, inteligência artificial, internet das coisas, telefonia 6G, moedas digitais etc.).
O conteúdo das oficinas profissionalizantes será definido a partir do perfil dos candidatos selecionados, apurado ao longo do processo de inscrições por meio de questionários e atividades lúdicas (jogos e games, entrevistas e participação em grupos de discussão). É importante fazer a inscrição o quanto antes, para aproveitar ao máximo essas oportunidades de interação e definição de agendas profissionalizantes.
Segundo Schwartz, além do IEA, vários núcleos de pesquisa e programas de pós-graduação da USP e de universidades parceiras participarão do desenvolvimento do projeto, além de instituições como o Museu das Favelas e redes internacionais como a Games for Change. Grupos de pesquisa da USP, como o Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura, Urbanismo e Design (Nutau), o Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos (Diversitas) e a Cidade do Conhecimento "serão espaços de mobilização e interação ao longo do projeto", diz o coordenador.
O QI conta com o suporte financeiro da Agência Universitária da Francofonia (AUF), braço acadêmico da Organização Internacional da Francofonia (OIF). O projeto foi um dos contemplados pela chamada Inovação Pedagógica (InnovPed) de 2023 da AUF e apresentado à comunidade da agência em novembro.
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